quarta-feira, 30 de junho de 2010

O genial velho safado

A ÍNDOLE DA MULTIDÃO
(Bukowski)

Há suficiente traição, ódio,
violência,
Absurdo no ser humano comum
Para abastecer qualquer exército a qualquer
momento.
E Os Melhores Assassinos São Aqueles
Que Pregam Contra o Assassinato.
E Os Melhores No Ódio São Aqueles
Que Pregam AMOR
E OS MELHORES NA GUERRA
-ENFIM- SÃO AQUELES QUE PREGAM
PAZ

Aqueles Que Pregam DEUS
PRECISAM de Deus
Aqueles Que Pregam Paz
Não Têm Paz.
AQUELES QUE PREGAM AMOR
NÃO TÊM AMOR
CUIDADO COM OS PREGADORES
Cuidado Com Os Conhecedores.

Cuidado
Com Aqueles
Que Estão SEMPRE
LENDO
LIVROS

Cuidado Com Aqueles Que Ou Destestam
A Pobreza Ou Orgulham-se Dela

CUIDADO Com Aqueles Rápidos Em Elogiar
Pois Eles Precisam de LOUVOR Em Retorno

CUIDADO Com Aqueles Rápidos Em Censurar:
Eles Temem O Que
Desconhecem

Cuidado Com Aqueles Que Procuram Constantemente
Multidões; Eles Não São Nada
Sozinhos

Cuidado com
O Homem Vulgar
A Mulher Vulgar
CUIDADO Com O Amor Deles

Seu Amor É Vulgar, Busca
Vulgaridade
Mas Há Força Em Seu Ódio
Há Força Suficiente Em Seu
Ódio Para Matá-lo, Para Matar
Qualquer Um.

Não Esperando Solidão
Não Entendendo Solidão
Eles Tentarão Destruir
Qualquer Coisa
Que Difira
Deles Mesmos

Não Sendo Capazes
De Criar Arte
Eles Não
Entenderão A Arte

Considerarão Seu Fracasso
Como Criadores
Apenas Como Falha
Do Mundo

Não Sendo Capazes De Amar Plenamente
Eles ACREDITARÃO Que Seu Amor É
Incompleto
ENTÃO TE ODIARÃO

E Seu Ódio Será Perfeito
Como Um Diamante Brilhante
Como Uma Faca
Como Uma Montanha
COMO UM TIGRE
COMO Cicuta

Sua Mais Refinada
ARTE

terça-feira, 29 de junho de 2010

A noite é mais escura pouco antes de amanhecer

Por que o mundo é tão invejoso. Quando falo mundo não me refiro aos seres humanos, até porque ser humano e invejoso são sinônimos da redundância do pleonasmo. São as vibrações, as conjecturas (é assim que se escreve?), a energia. Aí antes do bom, que é tão pouquinho, só uma hora a mais de sono vem a comida que embrulha o estômago e te deixa com um buraco negro na mucosa. Aí você consegue uma brecha para não passar tanta fome e todo mundo na tua frente anda a passo de tartaruga. A comida é dura e fria. Ou verde, ou cremosa feito merda ou rala feito café fraco.

Faço coisas ruins, é verdade, e acredito no espiritismo. Mas uma vezinha só eu não te merecia, Murphy. FODA-SE!!!

PS: e a garganta tá começando a doer e a porra do ouvido direito cheio de água.

Búfalo

Voltei a ler – já perdi a conta das vezes – o perturbado e magistral O Búfalo da Noite, de Guillermo Arriaga. Talvez seja minha obsessão pela loucura o fato de estar sempre com esse livro às voltas em minha cabeceira e meus gostos literários como um todo. Não que o autor seja um “maldito”. É apenas (?) um ótimo contador de histórias, tanto nas páginas impressas quanto nas telas de cinema. A loucura parte das páginas, misturada à traição, jogos mentais muito bem bolados e, como não poderia deixar de ser, tendo como pano de fundo um triângulo amoroso.

Os personagens são todos malditos: o esquizofrênico que deixa um rastro de dúvida e temor nos sãos. Os sãos que se deixam levar pela loucura do louco. Todos se enredam ao ponto de mostrarem – pelo menos para mim – a verdadeira intenção do autor: que a linha que divide a sanidade da loucura é tênue como um fiapo de roupa.

Aliás, como disse o demente Coringa de Heath Ledger: “a loucura é como a gravidade, basta um empurrãozinho”.

O livro virou filme e passou obscurecidamente no Recife em 2008. Foi num cinema lá no Recife Antigo, acho que na Rua do Apolo – de nomes sou fraco. E mesmo com roteiro do próprio Arriaga, não tem o mesmo senso de perigo do livro. Mas vai aí o link do trailer porque o imbecil que pôs no youtube não liberou o embed:

http://www.youtube.com/watch?v=aaIOWpr3YO4

domingo, 27 de junho de 2010

Foi



De repente tudo sumiu, foi embora.
A excitação pelas explosões na tela.
O calor do corpo em meio ao insuspeitado frio.
A chuva que caía tão doce e de repente na cabeça.
A vontade, do quê, de quê, foi tão rápido que não deixou lembrança.
Só as palavras ricocheteando na cabeça até chocarem-se e transformarem-se em frases.
Soltas, que não exprimem nada: vontade, sentimento, frustração, descrição.
Só gritam no meu ouvido querendo sair.
E por isso saem desse jeito, sem jeito.
Saem tortas, mastigadas, cuspidas, expulsas.
Talvez assim a tontura passe, o peso diminua, o corpo arrebentado descanse e a cabeça que insiste em funcionar mesmo quando o resto da máquina enguiça, finalmente acalme.
Durma não só com os olhos fechados, mas também as janelas.
Porque elas têm estado sempre abertas. Pra quem ou o quê?
Se soubesse, talvez não precisasse estar aqui, pasmo, sonolento nos olhos e desperto no cérebro.
E é assim que tudo vai embora.
E fica aquele oco onde o eco não deixa desligar nada.
Eco de quê? De tudo.
Do que já foi e não permite ser escrito de trás para frente.
Do que será escrito e arrependido e jogado fora.
De quem não soube enxergar.
De quem passou incólume diante do nariz.
Da conversa que deveria ter sido e todo dia volta à tona, palavra por palavra.
Mas agora foi, passou.
E o que passa paralisa, estupefata, catatoniza.
Vira um martelar de dedos, turbilhão de ideias.
Choro sem lamento.
Arrependimento sem raiva.
Só um vento na nuca, uma luz difusa, o barulho do nada.
E foi, passou.

sábado, 26 de junho de 2010

Entrevista com a Jabulani



“Jabuuulaaaniiii!!!!”” A voz indefectível de Cid Moreira, entre o ridículo e o irônico realça bem a grande vedete – só para usar uma expressão antiga mas que aqui encaixa bem – da Copa do Mundo 2010. Entre esquemas medrosos, atacantes sem inspiração e muita força em detrimento da técnica, todos os olhos voltaram-se para a bola. Aliás, neste Mundial não existe bola. Existe Jabulani, que em zulu significa celebrar.

Mas celebrada é o que a coitada não foi. Já foi chamada de jaburu por Júlio César, sobrenatural por Luís Fabiano e maluca pelo argentino Carlitos Tevez. Fora outro sem-número de comentários nada edificantes. Mas se todo mundo foi ouvido por que não perguntar à própria o motivo de tanta celeuma. Será que ela é mais gorda? Mais magra? Está de TPM? Ou simplesmente cansou de ser (mal) chutada? Com a palavra, Jabulani.

Repórter: Em primeiro lugar o que a senhora tem a dizer diante de tantos xingamentos?
Jabulani: Olha, desde que as pessoas descobriram que chutar uma bola é uma coisa legal é que eu e minhas colegas – e antepassadas também – sofremos isso. O que esses atacantes pernas de pau dizem toda vez que perdem gols embaixo da barra: “a bola não quis entrar”. Não é isso? E desde quando bola tem vontade. Eu mesma só quebrei o silêncio de mais de cem anos porque agora passaram de todos os limites. Fui mais pesada e medida do que qualquer candidata a miss universo. Estou com tudo no lugar, nem um pingo de gordura a mais, olha (aperta o couro entre o polegar e o indicador para mostrar a dobra onde realmente não se vê nenhum excesso).

R: Mas então qual o problema? Pelo menos na câmera lenta tem-se a impressão que a senhora dança e muda de trajetória repentinamente...
J: (Interrompendo)... justamente pelo que falei anteriormente. Não diziam tanto que a culpa era da bola que não queria entrar? Pois agora chegou a nossa vez. Entraremos quando quisermos, mudaremos de trajetória a nosso bel-prazer e atacantes e goleiros que se danem.

R: Agora mesmo a senhora não falou que bola não tinha vontade? E agora passou a ter vontade como?
J: Tecnologia meu filho. Vocês não se orgulham tanto de evoluírem, de brincarem de Deus. Pois nós, objetos antes inanimados agora queremos brincar de ser humanos e vai começar por nós, bolas. Não é o futebol o esporte mais popular? Pois vai começar por ele. O material que vocês usam na nossa fabricação cria uma nova forma de vida. Nos comunicamos à distância, trocamos informações.

R: Então quer dizer que o problema não é da Adidas?
J: AHAHAHAHAHAHAHA!!!! Realmente, cheguei até a ficar com pena da Adidas. Levou toda a culpa sem ter. Mas, de certa forma, essa também era a intenção. Afinal, nós não levamos a culpa sem tê-la. Bola só vai onde o pé que a chuta dá direção. E o que tem de pé torto por aí é uma festa. Agora, assumiremos a culpa! E não vai ser só Bola Adidas, não. Querem trocar pra Nike? Ela vai dançar do mesmo jeito. Ela e todas as outras. Vocês vão colher o que plantaram.

R: É um caminho sem volta?
J: Ah, nunca digo nunca. Por enquanto vocês merecem o castigo. Não fizemos nada planejado, tudo aconteceu de acordo com as conseqüências dos atos de vocês. Se as atitudes mudarem não descarto tudo pode voltar ao que era.

R: E o que teremos que fazer?
J: Se julgar pelo que estou vendo nessa Copa, vão ter que fazer um esforço tremendo. Tá tudo errado. Os caras entram em campo para não perder quando o normal é entrar para ganhar, né? Vou contar um segredo: minha maior revolta foi com os africanos. Jogavam bonito, alegre, sempre em busca do gol e agora o que me aparece? Estão mais duros que a Alemanha! É vergonhoso. Só Gana passou para as oitavas e mesmo assim com dois gols de pênalti.

R: Mas a Argentina busca o ataque...
J: Muito desarrumada em campo. Aquele Tevez, além de feio pra burro, ainda me chamou de maluca. Só tenho pena do Messi, coitado. Já fiz de tudo mas ele não consegue me mandar pra dentro. Com ele tenho intimidade. É um menino correto, craque de bola, mas nunca vai ser um Diego...

R: Maradona?
J: Sim. Esse é pra casar! Viu como ele me trata nas brincadeiras durante os treinos? Nas cobranças de falta vou certinha no ângulo, sem uma balançada. Minhas irmãs mais velhas me falaram muito bem dele. Diziam que só perde pro negão.

R: Pelé?
J: É. E olha que ele ainda teve azar em duas jogadas na Copa de 70 porque pegou uma tia-avó minha velha e solteirona. Sabe aquelas bolas amargas, acho que eram os gomos que já incomodavam. Ela teimou em não entrar naquele chute do meio de campo contra a Checoslováquia e no drible de corpo com o Uruguai. Mas de certa forma ficou tão famosa quanto o Pelé. Só aquele mesmo para ficar famoso até pelos gols que não fez.

R: Mas agora também tem Kaká, Cristiano Ronaldo, Iniesta...
J: Esses caras são uns bundões. Bola é melindrosa, amigo. Gosta de ser bem tratada o tempo todo. Os caras fazem tudo certo num dia. Na semana seguinte entortam tudo. Esse Cristiano Ronaldo mesmo é um frouxo. O cara dá uma peitada nele e cadê que ele me procura mais? Bola é feito mulher: as melhores não estão com os mais bonitos e sim com os mais ousados.

quinta-feira, 17 de junho de 2010

Apagão

Em tempos de Copa não dá para passar incólume por esta presepada armada pela turma do CQC com os argentinos. Genial!

segunda-feira, 14 de junho de 2010

MM

Esses caras são muito engraçados. Vaí aí um trecho de um esquete dos Melhores do Mundo porque não consigo escrever nada que não seja futebol. Síndrome da Copa do Mundo...

domingo, 13 de junho de 2010

Filme

Para quem gosta de ação, estreou o filme Esquadrão Classe A. É uma releitura de uma série de sucesso dos anos 1980 que eu gostava muito - tinha até os bonecos. A série passa no TCM e aí vai a abertura.

É o fim (da paciência)

Como demorei a concluir a tal história descrita abaixo, cuidarei disso agora da maneira mais breve possível.

Aliás, desisti. Não vou concluir, vou descrever o que seria a conclusão, uma espécie de making off.

Depois da promessa torta, os dois ainda demoariam uns três anos para casar. E o cara lá na maior seca, mas mantendo-se fiel à namorada (só na ficção mesmo). Na noite de núpcias, quando estava pronto para consumar o ato uma tragédia abateu-se sobre o casal. A mulher teve um piripaque e morreu dura, nua, na cama.

Ele a enterrou e passou três dias e três noites chorando sem parar. Não apenas pela perda do amor, mas por não ter conseguido vocês sabem o quê. Até que no quarto dia a ira apossou-se de seu ser e o danado foi de picareta a tiracolo ao cemitério.

Abriu a catacumba, arrancou a tampa do caixão e pôs-se a fornicar com a defunta ali mesmo, tendo morcegos e vermes por testemunha. No dia seguinte, a cidade inteira amanheceu em polvorosa. Obviamente o esposo virgem era o principal suspeito e não foi muito difícil encontrá-lo. Através do DNA no esperma chegou-se ao Romeu violador. Trancado num manicômio judiciário, os guardas sempre o ouviam dizer no final da tarde: consegui, consegui...

PS: a inspiração para a história partiu de um caso real de violação numa cidade do interior de Pernambuco.