sábado, 23 de outubro de 2010

Saímos todos perdendo

E lá venho eu novamente falando de eleição. Pudera, nunca antes na história desse País se viu tamanha pobreza num embate eleitoral. E justamente para escolher o chefe da Nação. Por isso me pergunto: “Para onde vamos, vença quem vencer?” Estaremos limitados a aborto, privatizações, bolinhas de papel e rolos de fita crepe? Quem se importa com a infraestrutura, o saneamento básico e o turismo em um país que sediará uma Copa do Mundo em praticamente três anos e meio e uma Olimpíada com mais dois anos?

Será o presidente atual o responsável por tocar tais projetos. No meu ver, tem muita, mas muita coisa atrasada, o que no futuro significará uma coisa, tratando-se de Brasil: obras tocadas a toque de caixa e, sob pretexto de acelerar, sem licitação. Casos que facilitam muito as mentes corruptas. O que tivemos foi pobreza de ideias e a maior prova disso é que a candidata que as apresentou teve uma votação bem superior ao que indicavam as pesquisas.

Ah, e por falar em pesquisas, o que está acontecendo com elas? Cada uma dá um número, seja para mais ou menos. Os indícios de que algo estava errado já aconteceram no primeiro turno e até na boca de urna! Seria muito pedir aos novos deputados que tentassem um projeto de lei para disciplinar e, principalmente, transparecer mais os métodos.

Por fim, o pior. A imprensa. Para mim, a grande derrotada. Ela, já tão esculhambada e odiada agora contribuiu para o rancor. Por que não assumir editorialmente que está do lado de A ou B? Não, é preferível produzir reportagens escondidas sob o falso manto do jornalismo independente mas que no fundo apontam para um ou outro candidato. Nunca senti vergonha da profissão que escolhi. Mas agora não deu.

E depois, como ficaremos diante do público? Os vencedores vão exterminar os vencidos? Espero que não, pois não quero viver o que vi em tantos documentos históricos. Quero oposições com os olhos bem abertos, inclusive para vigiar o candidato que escolhi – José Serra. Não se governa sem ninguém nos calcanhares, e isso se inclui gente que pensa diferente e uma imprensa que pense diferente de todos.

quarta-feira, 13 de outubro de 2010

Big Brother Chile




Pronto, acabou o resgate dos mineiros do Chile. Pode ser com atraso, ou espírito de porco (isso tenho de sobra), mas ao ver cada um dos 33 homens sair com uma disposição insuspeitada para condição tão inóspita vi que a empreitada teve ares de Big Brother. Só faltou mesmo o bom e velho Pedro Bial. E teve de tudo: um saindo aos berros, entoando grito de guerra, aliás aquele que a torcida do Chile fazia no sonoro 4x0 imposto ao Brasil na Copa América de 1987, outro fez embaixadinha e saiu agarrado com a bola (foi jogador de futebol na juventude), ajoelhados rezando.

E, por último, a história das histórias. Durante o confinamento, a esposa de um deles (Johnny Barrios) descobriu que o companheiro enfeitava-lhe a testa com ornamentos bem menos suaves que flores. Arretou-se, com razão. Avisou que não iria receber o marido e nem acompanharia o resgate pela tv (duvido muito). Para não ficar mal na fita sendo o único com síndrome de cachorro vira-lata, a amante, Susana Valenzuela.

O problema é que o cara achava que a condição claustrofóbica onde se encontrava faria com que todas tivessem peninha dele. Só que juntar a oficial e a parelala nem com 700m de rocha sobre o quengo, meu velho. A corna Marta foi taxativa: “ou ela ou eu”. Não desceu do salto de seu orgulho de fêmea ferida e mostrou que não há buraco onde se esconda um chifre.

Vibrei quando soube da história, pois àquela altura do campeonato, ele foi o 21º resgatado, até os aplausos das pessoas que acompanhavam o resgate já estava ficando meio xoxo. Nem Nelson Rodrigues pensaria em tão curioso desfecho para um triângulo amoroso.

É ou não é BBB? Prova de comida, traições, cartas de família, comida racionada e parentes lacrimejantes na saída. E, para completar, merchandising. Ou ninguém percebeu que os óculos dos 33 mineiros eram da Oakley? Quanto será que ela pagou, hein?

segunda-feira, 4 de outubro de 2010

Respeito às escolhas


Não gosto de ficar escrevendo sobre política, até porque não tenho conhecimento profundo sobre o assunto. Mas uma coisa tem me deixado puto porque me senti atingido após a definição do segundo turno para Presidência da República: a revolta de muito eleitor de Dilma com os votos para Marina Silva. A frase que mais vi antes de chegar aos 80% de urnas apuradas era "Votou em Marina e vai levar Serra".

E agora é obrigado a votar em A ou B, mesmo quando existem as opções C, D, E, F e por aí vai? A coisa está sendo colocada como se fosse proposital, tipo "vamos votar em Marina para ter segundo turno". Um pouco menos de arrogância e espírito democrático, minha gente! Votei em Marina porque acredito que seria uma boa para o Brasil. Ao invés de usá-la como bucha de canhão, como estão querendo vender, temos mais é que alimentar uma terceira via para o País. Do contrário ficaremos congelados em apenas dois caminhos.

Eu já havia feito o mesmo há quatro anos quando escolhi Cristovam Buarque. A bandeira da educação que ele carregava era altamente válida - e ainda é. Inclusive, fiquei muito feliz por ele ter sido eleito senador pelo Distrito Federal. Respeitem as pessoas que votaram numa candidata séria e com um compromisso com o meio ambiente que até hoje não vi em outros candidatos para qualquer cargo que fosse.

Ao invés de reclamar de votos para Marina deem uma olhada nas figuras que foram eleitas, como Renan Calheiros, Garotinho, Paulo Maluf e a vergonha das vergonhas: dar um milhão e trezentos mil votos a um protozoário como Tiririca.

E outra. Vamos deixar de patrulhamento ideológico, que o próprio governo do PT - no qual votei - tratou de acabar com isso mantendo a mesma política econômica do anterior. Inclusive mais conservadora que o PSDB quando Antônio Palocci estava à frente do Ministério da Fazenda.

Por último, reforço o orgulho que senti de Pernambuco por colocar Marina em segundo lugar.