Embora nunca estivesse oficialmente ido, tenho direito de
usar o título acima. Afinal foram quase dois anos – por muito pouco não os
fechei. Aconteceu tanta coisa nesse tempo que seriam necessários dois anos de
posts para contar tudo. Mas é claro que não vou fazer isso. Continuaria defasado
em dois anos e ainda por cima com o risco sempre permanente de fechar a boca
durante uma eternidade. Vou apenas dar sequência ao que ficou por último. A
foto mostrava uma ultrassonografia. Eu seria pai, mas não tinha condições de
dizer de quem.
Agora, meu filho já tem quase um ano e meio, quase dez quilos,
quase 80 centímetros e uma energia inesgotável – nesse caso, o quase passa
longe. De ‘largado’ no mundo virei pai de família, embora meu filho não se
chame Família e sim Júlio César. Ainda não sei o que é ser isso e acredito que
vou morrer com 90 e tantos anos sem ainda sabê-lo, até porque não sabemos é de
nada mesmo. E essa é a graça da vida: não saber de nada e, aos trombolhões,
descobrir uma ou outra coisa.
Ainda que não saiba e nem vá saber o que é ser pai dessa
danada de família, aprendi o que é ser pai, no sentido mais geral da coisa.
Semana passada, o pequeno firmou compromisso com uma velha conhecida de todas
as crianças, a virose. A dele apareceu, literalmente, do dia para a noite, com
direito a febre, catarro, congestionamento nasal, etc, etc. Na esperança que
fosse passageira, esperamos demais. E ela tornou-se cobradora. A temperatura
atingiu os quase 40 graus que torram a cabeça dos recifenses. Pronto-socorro,
injeção e banho frio. E foi aqui que vi minha vida mudar. Sem ter como dar o
banho tradicional, fui pra baixo do chuveiro com ele com tudo que tinha
direito, camisa, bermuda, celular, carteira, etc, etc, etc. Nem percebi o que
tinha feito até em dirigir à enfermeira que o atendeu e ela olhar admirada para
o meu estado encharcado.
De uma forma agoniada, doida e urgente, fui batizado naquele
banho.