domingo, 10 de novembro de 2013

A volta dos que não foram





Embora nunca estivesse oficialmente ido, tenho direito de usar o título acima. Afinal foram quase dois anos – por muito pouco não os fechei. Aconteceu tanta coisa nesse tempo que seriam necessários dois anos de posts para contar tudo. Mas é claro que não vou fazer isso. Continuaria defasado em dois anos e ainda por cima com o risco sempre permanente de fechar a boca durante uma eternidade. Vou apenas dar sequência ao que ficou por último. A foto mostrava uma ultrassonografia. Eu seria pai, mas não tinha condições de dizer de quem.

Agora, meu filho já tem quase um ano e meio, quase dez quilos, quase 80 centímetros e uma energia inesgotável – nesse caso, o quase passa longe. De ‘largado’ no mundo virei pai de família, embora meu filho não se chame Família e sim Júlio César. Ainda não sei o que é ser isso e acredito que vou morrer com 90 e tantos anos sem ainda sabê-lo, até porque não sabemos é de nada mesmo. E essa é a graça da vida: não saber de nada e, aos trombolhões, descobrir uma ou outra coisa.

Ainda que não saiba e nem vá saber o que é ser pai dessa danada de família, aprendi o que é ser pai, no sentido mais geral da coisa. Semana passada, o pequeno firmou compromisso com uma velha conhecida de todas as crianças, a virose. A dele apareceu, literalmente, do dia para a noite, com direito a febre, catarro, congestionamento nasal, etc, etc. Na esperança que fosse passageira, esperamos demais. E ela tornou-se cobradora. A temperatura atingiu os quase 40 graus que torram a cabeça dos recifenses. Pronto-socorro, injeção e banho frio. E foi aqui que vi minha vida mudar. Sem ter como dar o banho tradicional, fui pra baixo do chuveiro com ele com tudo que tinha direito, camisa, bermuda, celular, carteira, etc, etc, etc. Nem percebi o que tinha feito até em dirigir à enfermeira que o atendeu e ela olhar admirada para o meu estado encharcado.

De uma forma agoniada, doida e urgente, fui batizado naquele banho.