sexta-feira, 15 de abril de 2011

Vergonha



Não temos filtro. Ou de nossas imperfeições ele virou pó. Ou transformou-se no apêndice. Aquele que não serve para nada, só para doer, estourar e nos matar. Mas e as palavras que jogamos ao léu também não nos matam, envenenam, torturam, agridem?

A respota é sim para todas. Mas todos esses verbos listados voltam-se contra nós mesmos um dia. É como preconiza o dito popular: "Tudo que você joga no mundo um dia voltará para você". Eles voltaram para mim. E da pior maneira.

Não fui vítima de minha vítima. Não sofri o que ela sofreu. Não vi o que ela viu. Não apanhei do flagelo dela. Não cumpri o código de Hamurabi. Meu carrasco é a minha consciência. É noite insone, o pensamento que vai longe. Me faz corar a face, maldizer a língua e os impulsos maldosos.

Mas sou humano e falível. Só posso me calar e resignar-me à vergonha.

Um comentário:

Tacyana Viard disse...

Merece perdão só pelo texto. Lindo mesmo.
Beijo!