quarta-feira, 13 de fevereiro de 2008

Um pouco de ficção

O carro estava parado no calçadão em frente ao mar. Na hora batia um terral que deixava as águas lisas como vidro, um espelho escuro de um céu sem estrelas. Dentro do carro, o rei e a renascida conversavam, paravam, pouco se olhavam e choravam.
- Não é assim que funciona comigo. Tem que ter mais, sou intensa, sou cem por cento sempre. E você sempre ficou à margem, se mostrando distante ou pouco interessado. Virava, mexia, você soltava uma frase que sempre mantinha uma distância. E, no dia seguinte, atitudes que mostravam justamente o contrário!

Sem coragem de olhá-la nos olhos ele respirou fundo e, talvez pela primeira vez na vida, tenha tomado a decisão de desabafar.

- E o que você queria? Daqui a seis meses eu terei que ir embora daqui e você sempre deixou bem claro que jamais deixaria esse lugar! Você acha que minhas frases que mantinham distância eram verdade? Eu queria era você perto de mim todos os dias. Queria passar na sua casa quando voltasse do trabalho apenas para dar um beijo de boa noite. Queria dormir ao seu lado todo dia para ouvir aquele seu ronco chato, só para ter certeza de que você estava ali. Queria ouvir seu ronco até que ele se tornasse meu também. E, sendo meu, eu não o ouviria mais, como você não o ouve.

Petrificada, ela apenas abria e fechava a boca, ante a revelação. Depois de uma longa pausa, conseguiu falar com a voz abafada, dolorida.

- E por que você não falou antes?
- Adiantaria de quê? - Agora ele falava alto, quase gritando, como se o berro fizesse com que os sentimentos que faziam doer-lhe o peito, saíssem mais depressa. - Continuaria tudo no mesmo. Eu iria embora e deixaria um coração partido, além do meu que iria mais partido do que já vai. Eu só queria que você soubesse que fingi o tempo todo. Estava apaixonado por você, sim. Se você se segurou, eu não. Só não deixei transparecer, principalmente depois que você disse que jamais sairia daqui.

Nesse momento, as palavras já lhe saíam com dificuldade, pois o choro tapava-lhe as vias respiratórias. Era um fungado, um grito, um jorro de lágrimas. Quase tudo ao mesmo tempo.

- Você não sabe o tempo que perdi pensando em nós. Lembra daquela foto do baile de carnaval há uns três anos?

Ela apenas balançou a cabeça, afirmativamente.

- Tanta gente ali, amigos, namoradas e namorados e eu só consigo olhar para aquela foto e ver nós dois. Pouco me importa quem estava por perto. Quantas vezes não fiz isso nesses últimos tempos. É o único registro que tenho nosso, ainda que eu esteja numa ponta e você na outra. Seu sorriso na foto está lindo, lindo. Lembra do show de Lenine, quando ainda estávamos meio embriagados?

Desta vez ele nem a olhou por vergonha do rosto que sentia inchar de tanto choro acumulado. Tão pouco a esperou responder, embora ela balançasse a cabeça, concordando.

- Você me deu o sorriso mais lindo que alguém poderia dar. Nunca senti aquilo. O chão poderia ter se aberto que engoliria todo mundo, menos nós. Naquela hora eu quis morrer, só para levar como última visão aquele sorriso que você me deu. Pois é, esse sou eu. - Agora, ele virava-se para ela. - Não sou insensível, idiota ou vítima do complexo de Peter Pan. Sou intenso, tão ou mais que você. Mas trancado. E essa tranca talvez seja vista como covardia. Ou vai ver sou covarde mesmo. De certa forma, foi medo de me entregar.

Virou-se para frente, como se a buscar respostas no encontro do mar com o céu. Mas nada viu. Ela, estarrecida pelo que jamais ousaria ouvir, do mesmo jeito ficou, quase como uma estátua. Olhava para ele como se o visse pela primeira vez.

E, pela primeira vez naquela noite, uma lufada de vento entrou no carro.

3 comentários:

Mona Vie disse...

BOAS VINDAS
Prezados Amigos,
É com profunda gratidão que lhes dou as boas-vindas à MonaVie para integrar nossa família em BOAS VINDAS
crescimento no Brasil! Desde o inicio da MonaVie, em 2005, tenho esperado pelo dia em que poderíamos trazer, a vocês, maravilhosos cidadãos brasileiros, este produto e esta oportunidade incríveis. Para mim, é como se fosse uma volta para casa. Nossas origens se encontram profundamente enraizadas em seu imenso país, e eu me sinto pessoalmente comprometido com o seu sucesso.
Quando lançamos o MonaVie nos Estados Unidos, milhares de pessoas começaram a se envolver durante a fase de pré-lançamento, porque elas percebiam uma oportunidade única daquela que, certamente, seria uma empresa grande e bem sucedida. Eu os incentivo a aproveitar a vantagem da oportunidade de pré-lançamento e começar a construir a sua organização hoje mesmo.
Mais uma vez, bem-vindos à MonaVie! Espero encontrá-los brevemente.
Calorosas saudações
Dallin A. Larsen
Fundador e Presidente

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Renatinha disse...

Nunca me emocionei de forma tão real com uma ficção...beleza imensurável. E abalos, muitos abalos.

nobody disse...

Senti cada palavra desta ficção.Cada substantivo, artigo e adjetivo... e foi tudo de verdade!

bjs, obrigada!!!