quarta-feira, 19 de dezembro de 2007

Dente-de-leite

Acho que fiz mal em iniciar minhas impressões num blog justamente nessa época do ano. Concordo, é meio brega, mas é Natal e vivemos num país Cristão, não dá para correr. O problema é nem assim tenho tido boas impressões com meus colegas seres humanos. Mais eis que, hoje, alguém disse, mesmo sem ainda saber falar, que de vez em quando uma luz se acende.

Uma criança de um ano e cinco meses, talvez pouco mais de dez quilos que eu consigo erguer sem fazer muita força, me deu o sorriso mais lindo que vi em bons pares de anos. E sabem por quê? Apenas porque dei tchauzinho. Ele (é um menino) ria como estivesse diante da coisa mais engraçada do mundo.

Um daqueles sorrisos limpos, dos dentes ainda de leite, sem grandes motivos. Ou melhor, um grande motivo: a alegria de andar para lá e para cá descobrindo um mundo que talvez nem o faça sorrir tanto daqui a duas, três décadas. Mas quem se importa com isso? É o mesmo sorriso que vi num quadro em meu quarto. Um menino da mesma idade, já calças compridas, pronto para sair.

Agarrado a uma bola quase de seu tamanho, ria solto, sem pose. Apenas por causa de uma bola, de que nunca mais se teve notícia. Deve ter furado como tantas outras foram furadas depois. Mas ali, era o mundo dele. A quem ele podia abraçar com as mãos e os pés. Quase deitado sobre ela.

Aquele mundo tinha graça, muita graça. E, vendo a foto novamente, a graça perdida até teima em voltar, mesmo com o sorriso já desgastado, às vezes forçado para agradar ou não parecer desagradável. Os braços cresceram mas perderam a vontade de abraçar. Talvez ela volte, quando aquele menino voltar, sorrindo como meu amiguinho, com os mesmos dentes-de-leite.

2 comentários:

Renatinha disse...

"Oi,oi,oi, olha aquela bola. A bola pula bem no pé, no pé do menino"...lembrou-me um das musiquinhas q meus pequenos gostam de dançar. E neles também vejo a alegria diária dos dentes-de-leite, q não só nos contagia, como chega a dar arrepio na alma. Acho q tb de vergonha, por sermos maiores, mais "sábios", experientes, dentes permanentes (nem sempre) e, ainda assim, nos comportarmos de forma muito mais boba, infantil e, o pior, infeliz. A inocência, a pureza e a sinceridade da criança nos ensinam insistentemente o q vale nesta vida. E nem assim a gente aprende! Beijo pra ti.

Renatinha disse...

Ah, esqueci de dizer: belo texto! =)