segunda-feira, 17 de dezembro de 2007

Primeiro eu, segundo eu, terceiro eu, quarto eu, quinto eu...

A visão da tela imaculada me assustou desta vez. Bem diferente da outra. Não só isso, mas o medo de seguir à risca o propósito desse blog, a bendita (para mim maldita, sempre) auto-terapia. E vou falar do quê? A festa do sábado, o dia inteiro no álcool, tanto que cortei o rosto fazendo a barba. O domingo de tremedeira sem conseguir dormir. E ponto final.

Acho melhor contar a história de um amigo que esteve comigo neste fim de semana. Para não expor o rapaz, vamos identificá-lo como João.

Pois me conta o indigitado que estava na praia no sábado. Sol escaldante, a cerveja surpreendentemente gelada e de marca boa. Para quem não sabe, os barraqueiros têm o irritante prazer de vender cerveja sem rótulo. Ou seja, é gato, cachorro, macaco e papagaio por lebre. Bom, mas voltemos ao nosso amigo. Foi-se à praia com uma conhecida, que encontraria outros conhecidos - dela, e desconhecidos dele.

Pois conversa vai e vem e lá pelas tantas entra na roda um romance recém-encerrado do nosso João. Como a amiga também conhecia a ex-eleita de outros carnavais e já estava um tanto quanto alta, soltou que sempre soube: a relação esteve sempre fadada ao fiasco. - É? E por que?, peguntou ele.

- Porque ela sempre disse que não queria se apegar a ninguém. Curto, grosso e objetivo.

A declaração a seguir já foi comigo.

- Porra, porque ela não avisou logo no início? Aí vem, fala coisas lindas e depois corre. Olha, não sei não. Eu acho que sou pára-raio de maluca, mesmo. É cada uma que me aparece.

Tenho que confessar: evito dar maiores conselhos nesse tipo de situação para não piorar as coisas. Além do mais, acho que o papel do amigo é mais ouvir do que dizer o que fazer. Pois falei o básico: "Também não é assim... Encare isso como uma experiência, etc, etc.

Mas no fundo, o que queria dizer era outra coisa. E vou aproveitar esse espaço agora, enquanto ele não sabe desse blog: o problema, caro João, é que somos naturalmente egoístas. Só não vê isso quem nunca teve um bebê na família. É braço o tempo todo, peito a cada duas horas e pobre da mãe que se vire para acordar e dar conta do recado. O marido, se houver e for compreensivo, perde a mulher por um bom tempo e boas horas de sono.

Antes que me atirem a primeira pedra, vou logo avisando que o que escrevi acima são apenas constatações. A vida começa assim mesmo. Somos frágeis e dependentes dos outros, fazer o quê? O problema é que todo mundo, inclusive eu e qualquer um que venha a ler isso aqui, consegue apenas camuflar esse egoísmo com o passar dos anos.

Ou vão dizer que não? E o que é trair e não perdoar a traição do(a) companheiro(a)? O que é o medo de se entregar da eleita do meu amigo? O que é ver uma pessoa completamente apaixonada por você e não fazer absolutamente nada sob o simples argumento de que não foi amor à primeira vista? Romantismo? E olha que estou apenas usando exemplos de relacionamentos, já que o caso no início foi em cima disso. Não quero entrar em questões políticas e sociais, pois vou ser chamado de PT, PMDB, PSB, PSDB, comunista, xiita, reacionário e outros rótulos.

Aí termino é mandando todo mundo pra PQP.

Pois é, amigos. Em tempos de Natal o altruísmo continua sem vez.

Um comentário:

Renatinha disse...

"Antes que me atirem a primeira pedra, vou logo avisando que o que escrevi acima são apenas constatações.". Constatações? Elas nunca são "apenas"; sempre estão juntinho das nossas impressões. Egoísmo é ruim, sim, mas ngm vai corresponder à paixão alheia por altruísmo. Agora, se a criatura foge por covardia, é diferente. Na verdade, somos todos covardes ao não assumirmos os verdadeiros motivos das nossas atitudes e acharmos q sinceridade é demodê. Falta de comunicação. Taí a bagaceira humana!