sábado, 29 de dezembro de 2007

Estranged

O ano agoniza e procuro sempre algo positivo para escrever. Tá, confesso que seria para deixar impresso algo legal para as pessoas lerem. Mas num dá, é um espaço para auto-terapia, como eu mesmo pus na descrição do blog. E ninguém faz terapia para dizer ao médico que a vida é cor-de-rosa. Chorei agora há pouco. Será que alguém pode me dizer por que? Sentimentalismo de fim de ano? Pouco provável. Sentimentalismo de um sentimentalóide? Quem sabe...

Talvez seja algo mais profundo. E, digitando essa sopa de letras começo a desconfiar que seja um pouco de ambos fatores citados acima. Com o agravante de que na primeira opção falamos de tempo, o ano que acaba. Esse, nunca, jamais, em hipótese alguma, voltará. O que foi feito, desfeito e não feito não volta, não se refaz, tão pouco se dá outra chance. O que há a ser feito vai ser sempre o novo, até que cheguemos novamente a essa época e o ciclo se encerre e se renove.

Nunca foi tão difícil escrever. Passam muitos filmes na minha cabeça nesse exato instante: o que perdi, o que deixei de ganhar, o que ganhei e o que está faltando. Porque sempre vai faltar, somos humanos, nunca estamos satisfeitos com a nossa condição. É numa hora como essa que dá votande de sumir. E quando uso esse "sumir" não tem nada a ver com tirar a vida. É ir para longe, para onde não tem ninguém.

Li um livro muito legal de Jack Kerouac, chamado Os Vagabundos Iluminados. A parte final, o personagem principal, o próprio Jack, vira fiscal para incêndios numa floresta. Se não me falha a memória, são três meses sozinho, praticamente sem falar com ninguém - apenas alguns contatos diários, pelo rádio, com seus superiores para avisar que está tudo bem.

Acho que é uma experiência pela qual todos nós deveríamos passar. Ficar com mais ninguém além de nós mesmos, conversar com nossa alma, exorcizar nossos demônios. Para no fim, quando tudo estiver depurado, seguirmos, talvez, um novo caminho.

É como diz a música: quando eu encontrar todas as razões, talvez encontre outro caminho, encontre outro dia. Com todas essas estações mutáveis da minha vida, talvez eu acerte da próxima vez...

É, quem sabe eu acerte...

2 comentários:

Renatinha disse...

"Para no fim, quando tudo estiver depurado, seguirmos, talvez, um novo caminho". Pois eu acho q o erro tá aí. Esperar, parar, refletir e depois, se der, quem sabe, tomar alguma decisão sobre q caminho seguir...aí as coisas têm passado. Provavelmente aquelas sobre as quais tem dúvida. É, realmente pode ser o caminho do carinha lá, sozinho...só não sei se só por 3 meses. Ah, meu conselho geral: "arruma uma lavagem de roupa, um cachorro pra dar banho ou um blog pra escrever asneiras". Pelo jeito, já aceitou ;)

Céu disse...
Este comentário foi removido pelo autor.