domingo, 29 de agosto de 2010

Ainda dói




Ainda dói
O pescoço machucado da labuta e do sono.
O coração despedaçado.
A ausência cada vez mais presente.
A volta daquilo que insistimos para que fique ao longe.
O toque suave no rosto na hora do adeus.
A lágrima engolida para não demonstrar fraqueza.
A derrota iminente quando ainda se dá o último suspiro para vencer.
A cabeça ressacada de um porre de vinho.
As costas arranhadas pelas unhas sedentas.

Ainda dói
A mão que escreve a dor.
Os pés sobre os pedreguolhos finos da estrada.
Os olhos fixos no horizonte esperando o que nunca vai chegar,
Ou dando o último adeus.
A pele arrebentada pelo sol.
A folha trucidada pela enchente.
O telhado sob a chuva.
A lagarta no casulo virando borboleta.

E ainda dizem que a dor é pscicológica.
Ela dói sempre que sente saudades.
É solitária, carente de afeto.
Carente de som, de gemido, de urro.

Ela é amiga, companheira de todas as horas.
No frio, no calor, no sol ou na chuva.
Até a felicidade dói.
Dói de rir, dói da embriaguez do sucesso.

Ainda dói.


3 comentários:

Pesquisadores disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Pesquisadores disse...

Olá,
fazemos parte de um grupo de pesquisa da Universidade Católica de Pernambuco e gostaríamos de convidá-lo a colaborar com ela.
Você pode acessar nosso blog http://pesquisaunicapjc.blogspot.com/
e saber melhor do que se trata.
Caso aceite, todas as orientações estão lá.
Obrigada desde já pela atenção.

Renatinha disse...

Tão lindo que doeu =)