sexta-feira, 10 de setembro de 2010

Complicadamente descomplicado (parte III)




Quem perdeu as estribeiras agora foi o rapaz. E quando o fazia, usava dos piores advjetivos de seu repertório. O pudor que tinha em falar certas coisas – até mesmo os mais comuns palavrões – sumiam como que por mágica.

W: Pois foi sempre o que eu quis saber, mesmo. E sempre desconfiei. Afinal, você dá pra todo mundo mesmo. Não pode ver uma rola que já sai correndo pra pular em cima!

Ela, que de papas na língua não tinha nada, saiu atacando na mesma moeda, com o mesmo palavreado. Baixo, diga-se de passagem.

R: Gosto de rola, sim, e daí? Você não é meu cinto de castidade, tão pouco namorado, marido, irmão, pai ou a puta que pariu! Quando é pra me comer você não vem com esse papo. Agora fica dando piti de ciúme. E logo quem, que anda com tudo quanto é rapariga nesse meio de mundo e eu nunca falei nada.
W: Quem disse isso a você?
R: Tá achando que eu sou burra, é? Bem não sei porque você some, passa semanas, às vezes até mês sem me procurar e aparece sempre do nada. E sempre pra tirar uma casquinha. Você me faz é de depósito de esperma, seu filho da puta!
W: Ué, sempre foi assim porque achei que era assim que você queria. Nunca lhe vi reclamando, de cara feia ou me evitando. Pelo contrário, sempre gozou gostoso. Nunca pôs dificuldade nenhuma.

Ironia pouca é bobagem.

R: Ah, então é isso. Você me acha uma puta. Sou uma mulher-delivery: ligou, comeu!
W: Porra, você gosta mesmo de exagerar. Passo dias e dias conversando com você pela net, trocamos altos papos a respeito de tudo, inclusive seus dois mil, quinhentos e cinquenta fãs. Tenho que escutar tudo calado e agora tu me vem com essa de delivery? E tem mais, mocinha, toda conversa sua tem sempre um macho te assediando. Isso quando não consuma o assédio na cama!
R: O que é que eu posso fazer se esses porras vivem atrás de mim. E, além do mais, desde que você me conheceu que é assim. Não sabia que isso te incomodava.
W: Nunca incomodou.
R: E agora cismou de incomodar por quê?
W: Não tá incomodando, só estou falando...
R: Tá incomodando, sim, sabe por quê? Porque eu não estou mais à sua disposição. Não vou correndo te encontrar a hora que você quiser. Quer delivery? Liga pra uma pizzaria, que é mais fácil te atenderem. Aqui, vai ser na hora que eu bem entender.
W: E quem é você pra achar que vou estar à sua disposição? Não sou seu empregado e você não manda em mim!
R: Pronto, agora parece uma criança falando.
W: E se parecer é problema meu. Falo o que eu quiser. Fico puto quando alguém vem querer me manipular.
R: Longe de mim querer te manipular, meu filho. Estou dizendo que a partir de agora, se quiser me comer vai ter que entrar na linha.
W: Na linha ou na fila? Pelo que você fala deve ter uma fila maior do que em dia de pagamento de benefício do INSS...
R: Taí, não tem mas eu queria que tivesse. Faria questão de dar a você a última senha.
W: E quem disse que eu ia querer comer o resto dos outros.
R: Resto é a puta que lhe pariu! E você também é uma bela merda de resto. Sei com quem você anda, embora nunca fale. E quem não fala sempre tem muito a esconder.
W: Olha, eu tô achando que essa conversa não vai levar é a nada.
R: Agora vai correr porque sabe que eu tô certa...
W: E alguém consegue te convencer que você errou? Essa sua mania que querer palpitar em tudo é uma prova disso: é sempre você quem tem razão e quem vai ficar com a última palavra.
R: Porque estou certa.
W: Então fique com sua certeza, tchau.

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