sexta-feira, 3 de setembro de 2010

Sonhos de uma noite de inverno




Meus sonhos são sempre estranhos e, ao menos no meio em que vivo, não tenho com quem compartilhar. Antes que alguém me veja como um maior abandonado carente, faz-se necessário explicar que não são sonhos folhetinescos: encontrar um grande amor, casar, ter filhos lindos, ser rico, morar numa mansão e por aí vai.

É o sonho mesmo, na verdadeira acepção da palavra. Aquele momento durante o sono em que imagens aparecem na sua mente como um filme. E não tenho com quem compartilhá-los porque todo mundo que conheço – e que falo sobre o assunto – não consegue lembrar. Me sinto quase um ET quando descrevo vírgula por vírgula o que me aconteceu. Pois nos últimos tempos duas dessas viagens trouxeram algo novo: aconteceram quando não estava totalmente desperto nem totalmente dormindo.

Foram os dois extremos: um pouco antes de pegar no sono e o outro pouco antes de acordar. O de antes de dormir foi há menos de uma semana. Estava eu no topo de prédio. Não era tão alto, acho que uns cinco ou seis andares. Do outro lado havia um prédio menor, eram bem colados um no outro. Não havia ninguém ao meu lado. Só eu pensando comigo mesmo, “vou correr, pegar impulso e pular no outro prédio”.

Aí me pergunto: mas que merda de ideia foi essa? Tava a fim de que, criatura? Morrer, se esborrachar? Comecei a “falar” em pensamento, com meu eu do sonho. Era como se ouvisse minha própria voz, dizendo para não pular. Meu corpo começou a tremer – o verdadeiro, não o do sonho. Juro que senti, dos pés à cabeça. Ainda despertei me balançando. Mas sem susto, sem respiração ofegante. Tranquilo.

O da cadeia foi diferente. E como faz muito tempo, realmente não lembro dos detalhes. O que ainda tenho em mente é o local onde estava e como terminou o sonho. Era uma cadeia mais limpa que as que vemos no Brasil, bem parecida com a de filmes hollywoodianos. Eu estava no refeitório, depois voltava à cela, quando começava uma briga monstruosa. Novamente meu corpo começou a tremer e acordei trêmulo, do mesmo jeito. Ao contrário do anterior, dessa vez um pouco nervoso e confuso. Mas depois de acender a luz aliviei-me pela constatação de não estar encarcerado.

Claro que fui vasculhar a net em busca de significados. Não achei nada literalmente sobre saltar de um prédio para outro. Porém, tentei deduzir sobre sonhos com prédios. Um dizia que o prédio significa você mesmo, que seria a pessoa tentando entender a si. E saltar de um para o outro poderia ser “ter entendido você mesmo e estar em busca de outro eu?” Ou em busca de mudança?

Já o sonho da cadeia foi mais assustador. Um dos significados é perder uma grande amizade. Porra, sacanagem. Ou será que já perdi de alguma forma e ainda não percebi? Vou fazer uma varredura no meu disco rígido para saber. A outra, eu prefiro: você não está sendo compreendido. Aliás, coisa corriqueira. Até pela minha profissão normalmente não se é compreendido.

Me senti mais ou menos assim:

Um comentário:

Renatinha disse...

Pra mim, é um sintoma bipolar de heroi e bandido. No primeiro, síndrome de Homem-aranha. No outro, é o marginal da cadeia. Será que foram teus de médico e de louco? =)