segunda-feira, 27 de setembro de 2010

Meus livros (parte III)

Com os livros restantes, fecho a lista de meus livros preferidos.





Seminário dos Ratos - Lygia Fagundes Telles
A maior contista brasileira de todos os tempos não poderia faltar. E é uma tarefa difícil escolher entre seus melhores volumes de contos. Pela variedade de temas, fico com esse Seminário. São 14 histórias curtas em que Lygia dá um painel do comportamento humano. A maioria das histórias deixa um final indefinido ou nem sempre feliz, o que traduz e muito a nossa realidade. Também temos sexualidade mal resolvida, loucura, vingança do mais fraco contra o mais forte e trechos aparentemente absurdo como formigas construindo o esqueleto de um anão e ratos que tomam para si a responsabilidade de decidir sobre os destinos da nação – o conto-título.


Moby Dick - Herman Melville
Existem várias interpretações para a história de Melville. As que contam a luta do homem contra a natureza ou a loucura em torno de um objetivo ilusório são as mais difundidas. À parte essas questões, Moby Dick é uma tremenda história de aventuras no mar. O capitão Ahab teve uma perna amputada por uma baleia cachalote, aquelas brancas, gigantesca. E planeja sua vingança: matar o animal. Para isso não pensa duas vezes em arriscar a vida de seus marujos a bordo do navio Pequod. Entre eles, está Ismael, marinheiro que vê na pesca de baleias um futuro mais promissor. Como o próprio autor viveu em baleeiros, o livro narra com minúcias os detalhes de uma vida no mar e toda a engrenagem de um navio – principalmente a parte técnica. Em 1956 foi transposto para o cinema, com direito a um show de Gregory Pack na pele do irado Ahab.


O Chamado da Floresta - Jack London
A história se passa durante a corrida do ouro nas regiões do Alasca (EUA), no final do século XIX e início do XX. Um cão chamado Buck, mistura de são bernardo com outra raça menor, é roubado da família com quem vivia e traficado para o Norte, onde animais como ele eram utilizados para puxar trenós. O narrador é o “leitor” da consciência do cachorro. A partir daí, o acompanha em sua jornada, onde será preciso adaptar-se a maus tratos, troca de donos, frio e fome. Além disso, sentimentos como dignidade, companheirismo e lealdade são sempre ressaltados. A jornada de Buck o leva a um encontro com sua natureza primitiva e essa descoberta é narrada com uma beleza rara por Jack London. O livro catapultou o autor à fama mundial. Porém, o espírito perdulário, aventureiro e, principalmente, o alcoolismo não o deixaram gozar o reconhecimento que merecia. Morreu com apenas 40 anos, tempo suficiente para deixar uma obra vasta e fundamental.


Vidas Secas - Graciliano Ramos
A crueza com que Graciliano narra as desventuras de uma família de retirantes do sertão nordestino transporta imediatamente o leitor ao ambiente duro, árido e cruel de quem sofreu com a seca. O sofrimento é tão grande que autor inverte os valores de seus personagens: os humanos – Fabiano, Sinhá Vitória e os dois filhos – são curtos nas palavras e nos gestos, reagem mais do que agem. Os dois meninos sequer têm nome, pois aparecem como Menino mais novo e Menino mais velho. Há uma animalização dos quatro. Ao contrário, a cadela Baleia, parece ser o mais humano de todos, dotado de sentimentos, sonhos e ações mais humanas que os humanos. A descrição de sua morte é um dos momentos mais tocantes da obra, que retratou com concisão de realismo a dura sina dos retirantes do Nordeste.

Um comentário:

Renatinha disse...

Massa tua lista. Vale como indicação =)